30 de setembro de 2013

Resenha: Triste Fim de Policarpo Quaresma


Título: Triste Fim de Policarpo Quaresma
Autor: Lima Barreto
Sinopse: Para Major Quaresma, a Pátria é um ideal que está acima de tudo. Visionário por excelência, suas idéias colocam-no em várias situações embaraçosas e levam-no até a ser internado em um manicômio. Tímido, discreto, ingênuo, é também uma palha de pureza a navegar num oceano de podridão. Este é um livro escrito com todos os nervos, mas principalmente com o coração, e que se destina a quantos tenham orgulho de ser brasileiros.
Páginas: 224
Editora: Sol 90
Avaliação: Muito bom

O romance descreve a vida política do Brasil após a Proclamação da República, caricaturando o nacionalismo ingênuo, fanático e xenófobo do Major Policarpo Quaresma, apavorado com a descaracterização da cultura e da sociedade brasileira, modelada em valores europeus.

Projetos:

O livro é dividido em três partes e cada uma delas representa um projeto e uma frustração ao final. 

Em seu 1º Projeto o Major Quaresma quer o Tupi Guarani como língua oficial. O resultado desse desejo é a frustração. A sociedade não entendia Quaresma e para que ele tinha tantos livros se não tinha formação. Policarpo foi internado no hospício.

Ao sair do hospício Policarpo Quaresma ouve o conselho da sobrinha de ir procurar sossego no campo, e a partir disso começa o seu 2º Projeto: Provar que as terras do Brasil são as mais ricas e férteis, que plantando tudo dá. Ele então encontra vários problemas, como a política, saúvas e pragas e seu segundo projeto não colhe frutos, e ele sofre mais uma frustração.

Ao estourar a revolta da armada contra o Marechal Floriano, Quaresma não pensa duas vezes em se alistar em defesa do Marechal de Ferro. Já percebeu que sozinho não pode implantar suas ideias de um país fértil. A revolta da armada se torna um espetáculo para o público. Para lutar na guerra Policarpo compra livros sobre guerra, o que não o ajuda muito. E conforme a revolta e os fatos vão ocorrendo Quaresma sofre sua última frustração. 

Policarpo Quaresma:

O romance construiu um personagem com um patriotismo alienado que surgiu através das leituras feitas por Policarpo dos livros sobre o Brasil e de autores nacionais. Desde os primeiros escritos sobre o país a visão idealizada está presente em nossa literatura, ressaltando aquilo que temos de mais belo e exagerando em alguns pontos. O livro trás uma crítica a essa visão através do personagem de Policarpo, levando ao extremo nacionalismo e um xenofobismo das coisas que não são essencialmente brasileiras.

Após concluir suas leituras Policarpo resolve resgatar na pátria o que se perdia de brasileiro. A força que move Policarpo Quaresma é um ideal, ele pega uma imagem idealizada de um Brasil, que existe nos livros, e tenta trazê-la para realidade. É um personagem que tem entusiasmo para trazer um panorama mais nacional para o país, em todos os projetos que tenta implantar para o país sofre repressão.


Lima Barreto criou um personagem patriota alienado que deixa não deixa nenhum fruto seu na pátria tão estimada e amada, porém ele deixa vivo o questionamento da “noção de pátria” que foi construída através das primeiras obras da literatura brasileira. É uma critica as visões que não condizem com a realidade do povo brasileiro da época.

Personagens:

Vicente Coeloni–  é um Italiano, grande amigo de Policarpo, tinha uma dívida de gratidão, pois este já lhe emprestara dinheiro tirando-o de grande dificuldade.

Olga– filha de Vicente Coleoni, afilhada de Policarpo, vivia com o pai num palacete em Real Grandeza. Uma moça delicada que adorava o padrinho e temia pelos seus exageros, tentou ajudar-lhe quando foi condenado a prisão, mas isso não estava ao alcance de suas mãos.

Ricardo Coração dos Outros– É o violonista  mais popular, outro grande amigo de Policarpo. Sempre esteve ao lado do Major, ensinou algumas lições de violão para este e lutou até o final para tentar conseguir a liberdade do amigo. 

General Albernaz– aposentado, nunca participou de nenhuma guerra. Tem cinco filhas: Quinota, Zizi, Lalá, Vivi e Ismênia. 

Ismênia – Final do General Albernaz. O seu único objetivo para a vida é casar-se. Porém seu noivo desaparece e ela perde o viço pela vida até a hora que a  morte lhe chega.

Genelício:  É um intelectual de fachada, pertencendo ao plano do homem vulgar. Tem o prestígio social, mas é ironizado pelo romance.

Armando Borges–  É médico, se casa com Olga. Um homem corrupto e ambicioso, é desprezado pela esposa.  O tipo de intelectual criticado pelo texto.

Recomendo:

Quando comecei a leitura não pensei que fosse até o fim, mas conforme a história foi fluindo através das palavras, frases e linhas fui me encantando pelo livro e a mensagem que ele trás. Foi uma leitura muito prazerosa, eu recomendo.
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