Resenha: Morte e Vida de Charlie St. Cloud

Título: Morte e Vida de Charlie St. Cloud

Autor: Ben Sherwood

Sinopse: Um coração dividido entre dois mundos. Em uma pacata vila de pescadores da Nova Inglaterra, Charlie St. Cloud cuida dos gramados e monumentos de um antigo cemitério onde seu irmão mais jovem, Sam, está enterrado. Após sobreviver ao acidente de carro que tirou a vida de seu irmão, Charlie recebe um dom extraordinário: ele consegue enxergar, conversar e até mesmo brincar com o espírito de Sam. É neste mundo místico que entra Tess Carroll, uma cativante mulher treinando para navegar sozinha ao redor do mundo em um veleiro. O destino faz com que seu barco seja apanhado por uma violenta tempestade, trazendo-a assim para a vida de Charlie. Sua bela e incomum ligação os leva a uma corrida contra o tempo e a uma escolha entre a vida e a morte, entre o passado e o futuro, entre apegar-se ou deixar o passado para trás – e a descoberta que milagres podem acontecer se nós simplesmente abrirmos nossos corações.

Editora: Novo Conceito

Páginas: 298

Avaliação: Bom

Eu conheci o livro depois do filme, até então me encantei muito com a história e acho que foi uma boa adaptação do livro, mas estou aqui para falar as minhas impressões do livro, deixo as impressões e comentários sobre o filme para outra postagem. 

A narrativa começa levando você para dentro da história, te mostra as qualidades e as principais características dos personagens, eu me senti levada para dentro da história e achei muito lindo de como do início ao fim do livro Charlie e Sam St. Cloud permaneceram fiéis um ao outro, mesmo a beira da morte eles fizeram uma promessa de não abandonar o outro. Foi esse um dos fatores que fez a leitura valer a pena, mas não o que me incentivou a continuar a leitura quando ela estava monótoma, eu percebi melhor essa ligação conforme o livro avançava.

O evento que leva os irmãos a uma tragédia foi um jogo do campeonato de Beiseball que Chalie resolveu levar Sam sem autorização de sua mãe. Quando eles retornavam para casa aconteceu de um motorista imprudente bater no carro deles e causar o acidente que tira a vida do irmão mais novo. Após reanimarem o mais velho, ele se sente culpado pelo que aconteceu com o seu irmão. O momento do acidente foi um dos mais fortes do romance, com um rico detalhamento do estado em que os dois se encontravam eu quase não tive coragem para continuar, mas fui insistente e continuei a leitura. 

Quando Chalie descobre que pode ver, conversar e brincar com o espírito do seu irmão morto, ele para de viver e vai trabalhar no cemitério para poder estar perto com seu irmão e jogar com ele todo dia ao por do sol. As pessoas da cidade não entenderam o por quê de um jovem tão bonito e inteligente resolveu trabalhar e morar dentro do cemitério. Foi uma linda prova de amor, porém também foi um sacrifício, que ele não viu como isso afetaria sua vida e como seus sonhos foram deixados para trás. Ele privou-se da própria vida e ficou preso ao espírito do irmão por treze anos. 

Chalie não podia ver só o espírito do irmão. Ele também podia ver os espíritos dos mortos que ali eram enterrados e permaneciam por lá até fazerem a passagem para o outro lado da vida. Ele tinha um dom, que eu acho que ele demorou muito tempo para compreender o por quê ele tinha recebido aquele dom, e compreender que ele ainda estava vivo e que mesmo com seu irmão fazendo a passagem eles sempre levariam um ao outro dentro da sua alma. 

Tess chegou ao cemitério com a alma descolada de seu corpo, mas dentro de si ela ainda acreditava que era uma pessoa de carne e osso, ela acreditava estar viva e não se lembrava de como havia chegado ali. Não havia nada que denunciasse a garota como sendo apenas um espírito, ela estava entre dois mundos. A partir dessa primeira aparição ela começa a conversar com Charlie dentro do cemitério e vai surgindo uma amizade, que irá crescer a caminho do amor. Não darei muitos detalhes de como acontece para evitar spoilers. 

É um romance que nasce entre o limite da vida e a morte, e Chalie já esteve nesse limite e teve sua vida reanimada por aparelhos de choque cardíaco. Foi muito interessante a construção do relacionamento, pois aos poucos revelou o lado do rapaz que havia sido deixado para trás após a morte de seu irmão, e revelava que além da veleira brava e destemida existia uma mulher insegura quanto a entregar o seu coração a um jovem rapaz cujo havia parado de viver para trabalhar em um cemitério. Que mistério prendia Charlie naquele lugar, foi uma pergunta que Tess sempre quis saber a resposta, e no momento certo teve a resposta. Conforme o casal ia se encontrando mais forte e intensa ficava a ligação entre eles. Ao final do livro Charlie percebeu o sentido do dom que havia ganho, teve que tomar a decisão mais difícil da sua vida. Ele teve que arriscar tudo, e fez o que de melhor poderia ter feito. Acredito que o casal se completou resgatando a vida um do outro nesse período em que eles se conheceram.

Com Charlie foi possível compreender melhor o significado da vida. Ele trouxe uma mensagem de esperança, que ainda há muito para se ver e viver mesmo que fora do plano material. Através da uma narrativa muito delicada e impressionante, com um final que fez a leitura valer muito a pena e trouxe consigo uma excelente mensagem sobre o valor da vida, e que a morte não é o fim, como muitos acreditam. Eu confesso que não sei o que vai acontecer após a morte, mas a morte é apenas o término de uma vida carnal, entre o céu e a terra existem muitos mistérios que não foram desvendados. E como já disse antes não foi o relacionamento que se construiu ao longo da história que me emocionou, mas a mensagem que veio pelas entrelinhas e pelo final da narrativa.