Voltando do cinema com os amigos, mais uma vez encontro-me
frustrada. O que era para ser uma diversão nem sempre se torna uma por que em
nome da amizade você abre mão de algo que queria para fazer a vontade daquele
seu amigo, e ele também fará isso por você. Certo? Errado, essa regra
dificilmente vai funcionar para os dois lados, por que o lado mais fraco vai
ser levado a ceder.
Dessa vez foi apenas um filme que me deixou com pesadelos
durante um tempo, mas muitas vezes a vontade própria é anulada em áreas mais
complexas. O lado que abre mão é a parte onde a corda arrebenta e tem suas
vontades deixadas de lado para fazer a “felicidade” de alguém.
Tomar uma decisão em conjunto com amigos é difícil, já
ocultei minha opinião algumas vezes e posso garantir que não ganhei nada, saí
no prejuízo e ninguém soube por que omiti aquilo que pensava. Por que a partir
do momento que você guarda só para você o que esta passando pela sua mente, são
guardados junto com ela: o arrependimento, a mágoa, você,...
Também há a situação que decido expor minha opinião, porém
diversas vezes às pessoas contornam ou mudam de assunto por que não querem
ouvir aquilo que não lhe convém. “Afinal, para que vai me servir a opinião que
não esta de acordo com o meu padrão?” Isso é um fator que atrapalha muito o
desenvolvimento de conversas agradáveis, ou mesmo simplesmente de conversas,
pois quando alguém não esta disposto a ouvir não adianta repetir um milhão de
vezes o mesmo texto que ela vai ignorá-lo.
Em uma amizade saudável é necessário um equilíbrio entre o
não e o sim. Entretanto antes disso é preciso um autoconhecimento, é bom passar
um tempo sozinho e rever prioridades, o que foi feito e aprendido do passado.
Entrar em um lugar e conhecer pessoas é simples, mas olhar para dentro de si e
vê a pessoa que você se tornou com o passar dos anos é difícil. Cada vez menos,
em uma sociedade que vive as pressas, ninguém para e olha qual foi o caminho
que trilhou durante a vida.
A questão principal é saber quando dizer não. E eu não tenho
a formula secreta, nem a poção mágica para tal façanha, muito menos acredito
que exista. A vida não vem com um manual de instruções, e a graça disso tudo
esta no benefício da dúvida. É através do deste que eu aprendi a arriscar, a me
impor mais e me permiti escolher um mundo novo de opções que estava ao meu
alcance que, entretanto não aproveitava por me ocultar sem expressar minhas
opiniões. A palavra “não”, que muitas vezes vai morar no lado oculto do cérebro,
possui um grande poder, que garante a liberdade de pensar, de concordar ou não
com aquilo que lhe dizem. Vou seguindo pela estrada da vida, e usando a palavra
para me proteger, para defender ideias, nem sempre do modo mais delicado, mas
sempre tentando aprender ao máximo com cada novo passo para frente.