Resenha: A Casa das Sete Mulheres

Título: A Casa das Sete Mulheres
Autora: Leticia Wierzchowski
Sinopse: Mostra a Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha (1835-1845) - a mais longa guerra civil do continente - e suas consequências sobre o destino de homens e mulheres. O líder do movimento, general Bento Gonçalves da Silva, isolou as mulheres de sua família em uma estância afastada das áreas em conflito com o propósito de protegê-las. A guerra começou a se prolongar, e a vida daquelas mulheres transformou-se para sempre.
Editora: Record
Páginas: 516
Avaliação: Excelente


OBS: A resenha contém spoiler sobre a história.

Um Livro que me envolveu do inicio ao fim, trás uma narrativa densa e profunda que mostra como que o passar dos anos vão alterando a vida das mulheres que estavam agora vivendo na Estância da Barra para permanecerem protegidas da revolução farroupilha. É la que vivem as mulheres e seus filhos pequenos aguardando a vida e passando o tempo com livros, bordados, música de D. Ana e muita paciência para não sucumbir a loucura ou a outros males. Ao longo da jornada elas vão mudando e os efeitos do tempo vão chegando a suas feições e alterando o modo de cada uma ver a vida e ver as consequências que a guerra trás em suas vidas.

A história é dividia através dos anos e das cartas de Manuela, que dão ao texto uma opinião própria da personagem sobre os fatos e como ela vê tudo o que acontece em sua volta.  É uma narrativa triste, marcada com riquíssimos detalhes que te fazem penetrar juntamente a angústia vivida durante os tempos de tanto sangue derramado em nome de um sonho: A república! O tempo, o sonho e o coração de cada uma das mulheres da casa são elementos significativos de notícias boas ou ruim, sempre com delicadeza esses elementos são presságios para as notícias que chegarão em pouco tempo. 

Os cadernos de Manuela, sobrinha de Bento Gonçalves, trazem um ponto de vista a mais para o livro. E esta também foi a única a perceber o mal presságio que viria quando 1835 se iniciou, mas guardou isto para si para não ser mal interpretada. Através destas páginas ela consegue descrever o seu sofrimento, como ela era quando chegou e no que se tornou a sair de lá: a eterna "noiva de Garibaldi", se apaixonou pelo italiano durante o período que ele e outros soldados estiveram na estância construindo barcos leves para lutar na guerra, e jurou-lhe amor eterno, mesmo depois que ele partiu com Anita e o filho para o Uruguai ela manteve sua promessa viva até seu ultimo suspiro. Ela consegue descrever o sofrimento das primas, acostumadas a viver na cidade com bailes e outras atividades, tendo que aprender a conviver com a vida monótona do campo, e das tias que sendo as mais velhas tinham que permanecer firmes servindo de espelho e força para as mais novas. 

A história mostra a força de D. Ana que perdeu seu marido e filho(Paulo e Pedro respectivamente), e Maria Manuela que teve a perda do marido (Anselmo), o enlouquecimento e morte da sua filha rosário, deserdou Mariana por se envolver com um peão da estância, restando-lhe apenas Manuela e seu irmão Antônio.

Além de Mariana outra personagem que encontra a felicidade dentro da Estância da Barra é Perpétua, filha de Bento, que casa com o viúvo Inácio, e ao final da guerra vai morar finalmente com o amado e as duas filhas que nasceram em meio a revolução. Após ser renegada pela mãe Mariana viveu na estância do brejo com sua Tia Antônia e seu filho Matias e seu amado João. 

Ao final da história a guerra não teve o fim esperado pelos republicanos que já não tinham mais forças, nem tantos soldados para continuar lutando. Bento Gonçalves já se encontrava doente nos últimos tempos de guerra e já não estava mais em condições de comandar a republica que e passou a tarefa para outros, mas sem desistir de lutar continuando a guerrear nas batalhas em busca de uma liberdade que não teria certeza que seria alcançada. No final foi selado um acordo de paz com o Império, a muito contragosto da opinião de alguns, pois a guerra trouxe muitas mortes para os dois lados, se alastrou com tanto tempo para ocorrer tão poucas mudanças. Com o fim da guerra e o selamento da paz aos poucos as famílias restantes foram deixando a Estância da Barra e como se o relógio voltasse a andar todos voltaram as duas casas em busca de um recomeço, uma nova vida. 

Eu recomendo a leitura do livro, pois ele trás através de uma narrativa impecável um pedaço da história que você não encontra nos livros de história, mas que com certeza vai tocar o seu coração.