10 de setembro de 2013

Resenha: Sal

Título: Sal
Autora: Leticia Wierzchowski
Sinopse: Um farol enlouquecido deixa desamparados os homens do mar que circulam em torno da pequena e isolada ilha de La Duiva. Sob sua luz vacilante, a matriarca da família Godoy reconstitui as cicatrizes do passado. Em sua interminável tapeçaria, Cecília entrelaça as sinas de Ivan, seu marido, e de seus filhos ausentes, elegendo uma cor para cada um. Com uma linguagem poética, a premiada escritora gaúcha Leticia Wierzchowski, autora de A casa das sete mulheres, dá voz e vida a cada um dos integrantes da família Godoy, criando uma história delicada e surpreendente, enriquecida por múltiplos e divergentes pontos de vista.
Páginas: 240
Editora: Intrínseca
Avaliação: Muito bom!


O livro é inspirado por poesias, e para mim ele é uma poesia em prosa devido a leveza que as palavras fluem e contando a história da família Godoy.

A família Godoy tem uma longa jornada de viajantes do mar, até que Ernest Godoy se apaixona por La Duvia e o farol, e se instala com a sua malvada esposa, Doña,  na ilha de caminhos sinuosos causadores de alguns naufrágios. Na ilha o casal tem um filho, Ivan, que se apaixona por Cecília, com quem casa, mesmo a contragosto da mãe. Ivan e Cecília continuam em La Duvia e tem 6 filhos, que quebram a onda de estabilidade na ilha e se espalham pelo mundo.

A história é narrada inicialmente por Flora, e vai alternando entre os narradores durante o romance. Essa troca de narradores também alterna o tempo da história, alternando entre o passado, o presente, e o futuro. É um alternância feita com maestria que não permite que você se encontre perdido em meio as mudanças de pontos de vista, ela te carrega pelos caminhos e histórias cruzadas que são contadas pelas páginas do livro.

Cada filho carregava no nome uma sina, que o tempo e o destino faziam ser cumprida, por mais distante que eles estivessem de sua pátria, de suas raízes. Lucas, Julieta, Orfeu, Flora, Eva, e Tiberius, mais uma geração de Godoy, trilham caminhos destintos desde o aparecimento de Julius e a sua fuga com o grande amor de sua vida. A partir desse momento nada mais fica igual na ilha, tragédias golpeiam a família e os filhos seguem seu destino desbravando os mares, como já foi feito em diversas gerações da família.

Cada personagem da história recebeu uma cor através do interminável tapete que dona Cecília tecia durante toda a narrativa, e essa cor era uma representação de características que ela percebia em seus filhos e os que se uniam a eles na sua vida.

O romance Sal trás de maneira muito delicada uma relação homossexual, que quando peguei o livro acreditei que fosse algo estranho de ser lido, mas estava completamente enganada. Foi um amor explorado de forma tão linda, disposto a viver num eterno verão e harmonia, bem pelo menos o máximo de tempo possível, pois em alguns momentos ouve brigas entre o casal, isso faz parte de qualquer relacionamento. O amor entre o casal, que eu não vou revelar quem é, nasce primeiro entre um triangulo amoroso entre Julius e dois filhos de dona Cecília, mas ele nasce de forma discreta e imperceptível aos olhos dos outros, um sentimento que nasce primeiramente através do carinho, de uma troca furtiva de olhares, até se tornar uma paixão avassaladora, muito bem criada através das palavras da autora.

Outro ponto fundamental colocado em questão no texto é o poder das palavras, esse ponto foi explorado pela personagem Flora e seu desejo pela leitura, e após muitas leituras ela resolve escrever um livro. Seus pais não entenderam muito bem a ideia, mas deixavam ela escrever seus cadernos tranquilamente, Eva sua irmã, que desde sempre implicava com o jeito esquisito, continuara a implicar com essa nova mania. O que ninguém percebia é que as palavras de Eva iriam passar além das suas páginas em um futuro próximo, talvez Tiberius soubesse, mas nada poderia fazer a respeito. Me interessei por citar essa questão pois é uma verdade que tenho para mim, pois acredito que quando a gente fala estamos expressando uma sentimento, mesmo que momentâneo, mesmo que por apenas uns segundos nós desejamos aquilo e as palavras que usamos podem atrair tanto coisas boas quanto coisas ruins. Foram as palavras baseadas nas características de seus irmãos que trouxeram novos ares a vida, e traçou o seu destino.

A leitura do livro foi muito gostosa e vai muito além do que todas as expectativas que eu tinha com o livro, quando peguei para começar a ler não quis mais largar o livro, permaneci na velha história de só mais um capitulo até que o sono venceu a curiosidade. É um texto com uma narrativa emocionante que te faz refletir sobre questões da vida e sobre a estrutura familiar. Eu recomendo o livro para todos que querem mergulhar através das luzes do farol nessa linda história. 
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2 comentários:

  1. Eu adorei a leitura desse livro. Sou fã da Leticia há algum tempo. Mandei buscar logo no lançamento. Não aguentava a ansiedade para começar a leitura, e mais uma vez não me arrependi.

    Beijos
    Angelica
    www.angelicabrunatto.com.br

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    1. Eu também, foi um livro surpreendente. É o segundo da autora que leio, e me encantei. O primeiro foi A Casa das Sete Mulheres, tem resenha aqui no blog, depois confere! Beijos

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